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Magna Celi, por ela mesma

Nasci na cidade de Esperança, brejo paraibano, de clima frio, chamada, no princípio de sua fundação, de Banabuié. Aconteceu na rua da Areia, nº 70. Fui batizada pelo Padre João Honório, na Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho, recebendo, na pia batismal, o nome de Miriam Celi. Meu pai queria colocar Magna Celi, como ele já havia registrado, mas o padre não aceitou. E assim fiquei com dois nomes, sendo que o do registro é o que acompanha até hoje. Somente, na ocasião do meu matrimônio, o padre me chamou de Miriam Coeli. Para os estudos iniciais, meu pai me matriculou no Externato São José, cuja diretora e proprietária era a professora renomada Donatila Melo, de didática rígida, usando a palmatória para que os alunos apresentassem sempre os deveres feitos, além de aprenderem a obedecer aos mais velhos e a respeitá-los. [...] Meu pai, José Meira Barbosa, era comerciante de classe média, com loja de tecido colchões, chapéus, sombrinhas, capotes (capas grosseiras de chuva) e roupas de...
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Silvino Olavo e Mário de Andrade no interior da Paraíba (1929)

“O Turista Aprendiz” é um dos mais importantes livros de Mário de Andrade, há muito esgotado e reeditado em 2015, através do Projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Os relatos de viagens registram manifestações culturais e religiosas coletadas pelo folclorista em todo o Brasil. Este “diário” escrito com humor elevado e recurso prosaico narra as inusitadas visitas de Mário ao Nordeste brasileiro. O seu iter inclui Estados como Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Paraíba. Mário havia deixado o Rio em 3 dezembro de 1928. Embarcou no vapor “Manaus”, com destino ao Recife, onde permaneceu dois dias; e dali seguiu de trem para o Rio Grande do Norte, chegando dia 14 ao Tirol, bairro onde residia Câmara Cascudo (1898-1986), que foi um de seus companheiros de viagem nesse Estado, junto com o jornalista, poeta e crítico de arte Antônio Bento de Araújo Lima (1902-1988). O Álbum de Fotografias (Viagem ao Nordeste Brasileiro 1928-29), pertencen...

José Régis, por Martinho Júnior (2ª Parte)

Por Martinho Júnior Dr. José Régis, conhecido por sua carreira exemplar e por sua postura firme no exercício da magistratura, carregava também a fama de ser alvo de críticas por parte de pessoas ligadas ao PT, aos socialistas e a ideologias de esquerda. Ele tinha plena consciência desse fato e, em conversas mais descontraídas, fazia questão de justificar sua atuação com uma simplicidade contundente: “Juiz apenas segue o que diz a lei. Se a lei na época dissesse que era para absolver o pessoal, da mesma maneira eu cumpriria. Essa declaração que desmistificava qualquer percepção de parcialidade política, evidenciava sua fidelidade aos princípios do direito e à imparcialidade que a função exige. Para Dr. José Régis, a lei era soberana, e sua aplicação deveria transcender ideologias ou convicções pessoais. O apelido jocoso de “o juiz que julgava os comunistas”, embora polêmico, nunca refletiu sua verdadeira conduta, mas sim a interpretação de um cenário político polarizado em que...

Rádio Cidade Esperança - 1310 AM

Lembro-me quando entrou no ar a Rádio Cidade de Esperança. Passei a tarde sintonizando a sua frequência em uma rádio-vitrola, na expectativa de ouvir a primeira estação do município. Foi por volta das 18 horas que consegui identificar a modulação 1.310 Khz, tendo aumentado o volume para registrar aquele momento histórico. A sua inauguração se deu em janeiro de 1989, fundada que foi pelo médico Dr. Armando Abílio Vieira e pelos irmãos Gadelha. A Rádio Cidade Esperança AM Ltda exibia 10 KW a partir de um transmissor TEEL instalado no Sítio Cruz Queimada, potência essa considerada alta para os padrões da época, irradiando o seu sinal para todo o compartimento da Borborema. A cidade estava em festa ao som da A ZYI-691, com grandes nomes da radiofonia como Cleude Lima, Nando Fernandes, Barbosa Santos e Jota Júnior. Alguns eram egressos da Rádio Clube Pernambuco ou Jornal do Comércio do Recife, a exemplo de Rudy Barbosa, os quais estavam sob a Direção Artística de Germano Ramalho. Os e...

A Villa Maria Cecília e seus mistérios

A “Villa Maria Cecília” foi um marco em nosso Município. A antiga morada pertenceu a André Rodrigues de Oliveira (1852-1939), que segundo se comenta, era um Judeu natural de Setúbal, cidade da região metropolitana de Lisboa (Portugal). Chegando à Paraíba casou-se com uma senhora chamada Maria Cecília do Amor Divino (1851-1925), nascida em Alagoa Nova (PB). Tendo adquirido uma propriedade, próximo ao Riacho Amarelo, de aproximadamente 26 hectares, fixou residência em Esperança (PB). Havia água perene e a terra era fértil, estando localizado num dos pontos altos do Município, há poucos quilômetros da sua sede. Nesse sítio construiu uma belíssima casa para abrigar a sua família, chamando-a de “Vila Santa Cecília” em homenagem a sua esposa, denotando assim o amor por sua consorte. A “Villa” era constituída de pequenas moradas e da casa grande. Esta, por sua vez, possuía parte do piso em madeira e um porão. Por lá passava a antiga estrada para Campina Grande que com o asfalto construí...

Monsenhor Geraldo Ribeiro de Almeida

A cidade de Esperança possui uma grande vocação religiosa, não podemos negar; muitos ministros tem surgido em sua história, abraçando a fé católica e fazendo seus votos à igreja de Roma, a exemplo do Padre Geraldo Ribeiro de Almeida. Ele nasceu nesta cidade em 28 de junho de 1922. Viveu com seus pais aqui até os sete anos de idade, quando eles se mudaram para Nova Cruz, no Rio Grande do Norte. De lá só saiu para ingressar no Seminário de São Pedro, no ano de 1939, sendo muito influenciado pelo professor Monsenhor Calazans Pinheiro. Nem concluiu os estudos, e foi transferido para Fortaleza para estudar filosofia. Ordenou-se Presbítero em dois de dezembro de 1951, pelo Bispo D. Marcolino Dantas, e celebrou a primeira missa na Matriz da Imaculada Conceição em 08 de dezembro daquele ano. No dia 10 do mesmo mês, foi nomeado vigário paroquial do Monsenhor Pedro Moura, ficando no cargo até 1º de janeiro de 1952. Com a criação da Paróquia de São José do Campestre, desmembrada de Nova C...

Bom dia (Ginásio Diocesano)

Em conversa com Lúcia Martins, filha de seu Luiz, que também foi minha colega de trabalho, ela lembrou-me da música que era cantada no antigo Ginásio Diocesano quando se recebia algum visitante. A colega analista guardou na memória esta canção, que agora reproduzo:   BOM DIA!   Alô, bom dia Oh como vai você Um olhar sempre amigo Um claro sorriso Um aperto de mão Bom dia nada custa ao nosso coração É bom saber dar bom dia ao nosso irmão Se Deus tiver de amar com distinção Alô, bom dia irmão!   Já nos meus tempos de criança, no mesmo prédio, só que agora com a denominação de Escola Paroquial, entoávamos este canto de entrada, em recepção dos visitantes:   Bom dia, visitante Bom dia! A sua companhia nos atrai Faremos o possível Para sermos bons amigos Obrigado, visitante Obrigado!   Fatos da nossa infância/adolescência que marcaram as nossas vidas.   Rau Ferreira     Fonte: - Entrevista Lúcia ...

A inauguração da Luz Elétrica em Esperança

A inauguração da Luz Elétrica em Esperança foi um dos eventos mais concorridos de nossa municipalidade, à época uma pequena vila pertencente à Alagoa Nova, que ansiava por uma independência política, já que demonstrava, no seu aspecto comercial e tributário, superioridade àquela Edilidade. Para a imprensa oficial, o povoado de Esperança era um centro comercial e agrícola por excelência, com população relativamente densa e que se caracterizava pelo seu espírito de iniciativa e laboriosidade. Assim é que, a pretexto de se inaugurar a luz elétrica, foi João Suassuna convidado para comparecer às festividades, que aconteceriam no dia 24 de maio de 1925, aguardando-o, em Campina Grande, o Sr. Silvino Olavo e seus conterrâneos Leonel Leitão e Theotonio rocha, que regressaram até Esperança na sua companhia e de seus colaboradores. Desembarcando por volta das 18 horas, na residência do Sr. Manuel Rodrigues de Oliveira, o governador foi recebido pela comitiva, ao som do hino da Paraíba, en...